segunda-feira, 25 de julho de 2011

04:04


A porta bateu com tanta força que foi impossivel não se assustar. Fora do quarto a mãe gritava coisas que a garota já nem escutava mais, seus ouvidos haviam se cansado de tantas ofensas, ela precisava de paz. Ligou o som, em uma altura que em um raio de 15km ainda escutariam o rock pesado que ela curtia, começou a dançar, chorava tanto, suava tanto que sua maquiagem borrou com facilidade, o lápis preto esfumaçado que passara nos olhos manchavam a pele branca , o batom vermelho que cubrira sua boca até pouco tempo, ja desaparecera. As marcas pelo corpo eram visiveis demais, o contorno era de duas lâminas, como de gilette, ela se cortou de um jeito que nunca havia feito antes, e as feridas ainda ardiam, mas aquilo não era nada perto da dor que sentia dentro do coraçao, aquilo sim era quase que insuportável. Abriu o notebook, entrou no msn e viu que mesmo ali, nenhum dos que diziam ser seus amigos seriam capazes de ajudá-la, ninguém conseguiria fazer nada por ela,infelizmente.
Então ela resolveu fazer a unica coisa que realmente a acalmava, escrever. Maria escrevia como ninguém, e quando se tratava de suas tristezas as palavras saiam com uma facilidade quase que surreal.. mas aquele não era num texto comum, era uma carta, uma despedida. Tinha consciencia de que aquilo era errado, mas não conseguia pensar direito, parou de escrever, só olhava fixamente para o espelho, não se reconhecia mais, parecia que aquela pessoa que a encarava não era ela, era um inimigo. Na tentativa desesperada de destruir aquela imagem, jogou-a no chão. Pegou a carta, desligou o som.. olhou o relógio 04:04. Colocou o pedaço de papel em cima da mesa de jantar.. nele estava escrito: " eu não vou voltar.", e ela nao voltaria mesmo, ninguém nunca mais a veria. Saiu de casa, só com a roupa do corpo, andou por km a fora.. não sabia como, faz sabia bem o que queria fazer. Parou em um bar, pediu o que tinha de mais forte, bebeu tanto, tanto, até 'cair'..  o dono a expulsou qundo percebeu que era menor de idade. A menina saiu a mil do local, era em uma avenida movimentada, ela voltou a andar, mas dessa vez os carros passavam raspando, foi inevitável... era um volvo preto, o motorista vinha destraido, nao teve jeito.. só ouviram o estrondo.. o homem saiu de seu carro, e se assustou ao ver a garotinha envolvida em uma poça de sangue. Mas o que ninguem sabia era que Maria tinha visto o carro, ela se jogou de propósito, foi o unico jeito que viu de se livrar de toda aquela dor, a vida nao fazia sentido, e felizmente, nao foi tão dificil acabar com ela.

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